The Hottest State (2006)


O Estado mais Quente, real. Ethan Hawke. EUA, 2006. 35mm, cor, 117 min.

O protagonista desta narrativa, William Harding (Mark Webber), vive assombardo pela sua história, pela sua infância. A frase dita no fim é chave: “Nunca é demasiado tarde para ter uma infância feliz.” (“It’s never too late to have a happy childhood.”). A sua relação conflituosa e apaixonada com Sarah (Catalina Sandino Moreno) reflecte esse passado com o qual ele tem de lidar para o ultrapassar. O filme percorre esse caminho com alguma segurança, mas com menos convicção do que se esperava, dado que Ethan Hawke adapta aqui um romance semi-autobiográfico da sua autoria. O olhar é flutuante em vez de enraizado nas recordações de William. A voz-off é intermitente e pouco penetrante. Ao que se vê falta concentração, selectividade, para que se aproxime do trabalho da memória que parece ser o seu horizonte. Por isso, as soluções de montagem incluem dessincronizações, alternâncias, e a insistência na música como elemento narrativo. O destaque vai para as interpretações, incluindo a do próprio Hawke e as de Laura Linney e Michelle Williams. [15.08.2017, orig. 04.2007]