Frida, real. Julie Taymor. EUA, 2002. 35mm, cor, 123 min.
Esta é uma apaixonada biografia da pintora mexicana, cujo centro é uma cativante Salma Hayek. As cores vivas que Rodrigo Prieto empresta ao filme, transformam o México num país com tons iguais aos que encontramos nos quadros de Frida Kahlo — tal como a pintora, o director de fotografia intensifica e vivifica as cores mexicanas. Prolongando isto, a obra pictórica de Kahlo é utilizada visualmente como motivo figurativo para encadear as cenas, o que sublinha a componente pessoal e auto-biográfica dessas telas. O filme acompanha a vida de Frida Khalo com o seu marido, o artista Diego Rivera (Alfred Molina), a sua ideologia socialista, os seus acidentes, e o seu sofrimento. Mas não a transforma numa vítima cuja dor é o núcleo da sua existência. Esta é uma obra emotiva porque mostra diferentes vertentes de uma vida que foi sendo fixada em pintura. Julie Taymor, que dá grande relevo às mulheres com que a artista se foi cruzando, adopta a ideia de contaminação entre a vida e a arte como coração de Frida — e, por isso, evita uma abordagem meramente factual. [21.01.2010, orig. 04.2003]