Hollywood Ending (2002)


Hollywood Ending, real. Woody Allen. EUA, 2002. 35mm, cor, 112 min.

Woody Allen reaparece com o sua persona, que parece já não poder crescer ou mudar, mantendo-se hipocondríaco, neurótico, traumatizado. O filme parte desta premissa narrativa: um realizador perde a visão e decide dirigir um filme escondendo a sua cegueira. Ele cega como se estivesse num sonho de morte. O fim, o cessar da vida, paira, como se Allen se expussesse a si no seu olhar sobre Hollywood, como se observar criticamente a terra dos sonhos fosse também avaliar-se a si mesmo e aos seus sonhos. Há a consciência de que a Hollywood a que o título se refere já não existe ou está no fim. O cineasta sabe que filma no presente e que a utopia de Hollywood, de certo modo, já pertence ao passado. Parece haver uma indecisão no filme, que o fragiliza, como se oscilasse constantemente entre a sátira caricatural e a comédia humana. Em todo o caso, há uma estrutura simbólica — única na obra de Allen. [03.02.2010, orig. 01.2003]