Ainda Sei o Que Fizeste no Verão Passado, real. Danny Cannon. EUA, 1998. 35mm, cor, 100 min.
Continuação do filme de terror para adolescentes Sei o Que Fizeste no Verão Passado (I Know What You Did Last Summer, 1997). Meses depois dos acontecimentos narrados no filme original, Julie (Jennifer Love Hewitt) continua assaltada pelo medo, como se a perseguição continuasse. Karla (Brandy Norwood), a sua companheira de quarto, ganha uma viagem às Bahamas e ela e o seu namorado (Mekhi Phifer) partem com Julie e Will (Matthew Settle), um colega de curso que vai ocupando o lugar de Ray (Freddie Prinze Jr.), o ainda namorado da protagonista. Um temporal isola-os na ilha e a morte e o horror regressam com o assassino do gancho. O lugar e o ambiente nos filmes deste género são conhecidos. O lugar costuma ser o idílico subúrbio americano. O ambiente muda pela introdução de um elemento maligno, quase punitivo face à utopia americana. Neste filme, a topografia do lugar é desconhecida, mas o isolamento que o ambiente tempestivo impõe surge como uma imagem da instabilidade e da violência que se vão instalando. Por outro lado, quase tudo o que pode ser visto e ouvido aqui é um género reduzido a um código, que desaparece na abstracção das suas convenções: os gritos, a subida súbita da música, os cortes abruptos, os sustos repentinos, uma narrativa repetitiva, sem consistência. No primeiro filme, o tema era a culpa — e é ainda esse tema que inspira o sonho de Julie que abre o filme, em que confessa os seus medos a um padre numa igreja vazia e escura. O que sustenta este filme depois? A última cena, na casa de um casal reconstituído, Julie e Ray, termina com ela a ser puxada pelo assassino e a gritar. Pode também ser um sonho. Parece que Julie já não tem uma história que a resgate de um destino indiferente. [15.02.2010, orig. 06.2002]