A Vida É um Jogo, real. John Dahl. EUA, 1998. 35mm, cor, 121 min.
Viver e jogar póquer são sinónimos. Não só para o protagonista Mike McDermott, interpretado por Matt Damon, mas para quem com ele joga, ou seja, vive: um amigo de infância (Edward Norton), inveterado batoteiro, e a namorada (Gretchen Mol), marcada pela maior perda de Mike. Jogar póquer não é um vício, é o destino de alguns: a sua profissão, a sua vida. Em termos dramatúrgicos e narrativos isto faz com que quase tudo no filme sejam desafios, estratégias, antecipações, exercícios de inteligência. A voz off de Damon sublinha a ideia de que este é um jogo em forma de história, com as palavras do narrador a cruzarem diálogos e acções. O que não é explorado até ao fim é o sentido do imponderável e do desconhecido que gera momentos tensos e arriscados. Tal como é repetido, o póquer não tem a ver com sorte — mas esta narrativa tem um desenvolvimento demasiado fácil de adivinhar. De qualquer forma, John Dahl vai contornando essa facilidade com a densidade dos ambientes e das personagens, através da fotografia de Jean-Yves Escoffier e da galeria de secundários (Famke Janssen, John Malkovich, Martin Landau). [18.02.2010, orig. 09.2002]
