Wassup Rockers, real. Larry Clark. EUA, 2005. 35mm, cor, 111 min.
Um filme que pretende ser como as canções rock que marcam o seu ritmo, da autenticidade dos berros ao absurdo das letras. É um novo capítulo do retrato da outra juventude americana que Larry Clark tem feito desde Miúdos (Kids, 1995), aquela que não cabe nas comédias adolescentes do cinema popular. Wassup Rockers abre com um dos rapazes (Jonathan Velasquez) a contar histórias para quem está atrás da câmara. A obra de Clark foi sempre tecida desta cumplicidade com quem é filmado: à entrega deles corresponde a disponibilidade do cineasta. Neste caso, este cruzamento de olhares é raro e surge apenas quando as cenas são prolongadas e abertas a pormenores: a conversa na cama, entre Kiko (Francisco Pedrasa) e Nikki (Jessica Steinbaum), por exemplo. Nesta deambulação de um grupo de skaters hispânicos dos subúrbios pobres do sul de Los Angeles pelos bairros ricos de Beverly Hills, o retrato íntimo dá por vezes lugar à caricatura social e a complexidade ao simplismo, encontro após encontro. As imagens têm aquela densidade muito expressiva que o artista transpôs da fotografia para o cinema, mas os elementos narrativos convocados para mostrar as clivagens raciais e económicas são, a espaços, contraditórios. Entre o realismo atento e a farsa deslocada, o efeito de presença e a irredutível singularidade destes jovens são assim encobertos em alguns momentos. [10.02.2010, orig. 04.2006]