We Own the Night (2007)


Nós Controlamos a Noite, real. James Gray. EUA, 2007. 35mm, DCP, cor, 117 min.

Ainda que haja ecos de outros autores, é abusivo dizer que James Gray é um imitador. O seu estilo nada tem a ver, por exemplo, com o estilo operático e enérgico de Martin Scorsese. É um cinema formalmente próximo dos anos 70 — focais longas, cores niveladas. Narrativamente, este filme em particular, lembra clássicos da Warner dos anos 1930 como Angos de Cara Negra (Angels with Dirty Faces, 1938) — dualidade moral de duas personagens em lados opostos. Os filmes de Gray têm um tom sombrio e sussurrado. Não há uma linha entre a luz e a escuridão, mas uma gradação, como que povoada por fantasmas que nunca se materializam. Em We Own the Night, a precisa e enganadoramente simples mise en scène do realizador permite-lhe lidar com o tema da perda com gravidade e justeza. A magoada personagem interpretada por Joaquim Phoenix é conduzida pela intensidade do toque e do sentimento, mas quando se vinga ou declara o seu afecto, é um triste desencanto que sobressai. Esta não é uma história de redenção e apaziguamento. É uma tragédia interior. [07.02.2010, orig. 04.2008]