Semi-Pro, real. Kent Alterman. EUA, 2008. 35mm, DCP, cor, 91 min.
Will Ferrell tem sido um dos cómicos mais consistentes da actualidade a trabalhar no cinema — e isso é dizer muito num momento em que faltam actores e ideias nas comédias cinematográficas. Aqui, Ferrell interpreta mais uma personagem generosa e desajeitada, um treinador de uma equipa de basquetebol amadora com aspirações a tornar-se profissional, mas sem o talento para o conseguir. É um entertainer criativo e entusiasmante, aquele tipo de figura composta a partir de idiossincrasias às quais o actor empresta singularidade humana. Acaba por ser um pouco assim com todos os indivíduos que povoam este filme, dos jogadores aos comentadores (ainda que o registo mais indistinto de Woody Harrelson não seja tão adequado). Tudo se estrutura a partir desta noção de interacção, com os planos e as cenas a sublinharem quase sempre a natureza colectiva do humor em vez de isolarem os comediantes. Esta ideia de grupo constrói também a progressão narrativa e é isso que contorna a previsibilidade da história. Definitivamente, esta não é uma semi-comédia. [08.03.2010, orig. 07.2008]