Showtime, real. Tom Dey. EUA, 2002. 35mm, DCP, 95 min.
O modelo narrativo é o buddy movie, aquele género que Eddie Murphy ajudou a consolidar com 48 Horas (48 Hrs., 1982). Atrás desse modelo está um tema actual: os reality shows da televisão de hoje. O filme começa por se assemelhar a uma sátira, mas a matriz a partir da qual se produziram séries como Arma Mortífera (Lethal Weapon, 1987) ou Hora de Ponta (Rush Hour, 1998) acaba por se sobrepor. A relação com o tema é o que separa as duas personagens, proporcionando as discussões entre eles. O mais velho e experiente, o Detective Mitch Preston (Robert De Niro), um divorciado que tenta superar a solidão fazendo cerâmica, dá-se mal com a perturbação que a exposição pública traz ao seu trabalho de investigação. O mais novo e incapaz, o agente Trey Sellars (Murphy), vive cada momento como se estivesse a actuar para as câmaras — e quando elas finalmente o seguem, nada muda, usando uma frase que costuma repetir: “It’s Showtime,” Ao contrário de Mitch, Trey fala do seu passado em frente das câmaras, mas recuperando frases de uma audição em que participou, como se estivesse a representar uma personagem sem nada de privado, que é o que o primeiro quer proteger. [18.03.2010, orig. 05.2002]