Sorority Boys (2002)


Quando Elas... São Eles, real. Wallace Wolodarsky. EUA, 2002. 35mm, cor, 93 min.

No início da década de 1980, nasceu um género na comédia americana, que tem como exemplo séries como a que foi iniciada com Porky’s (1981), que tinham uma arqueologia em filmes como National Lampoon’s Animal House (1978). O olhar é sempre masculino (que se limita a si próprio) e as situações têm invariavelmente um carácter sexual (sem lidar com a complexidade da sexualidade). O passado deste filme é ainda feito de comédias tão excepcionais como Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1959) e Tootsie (1982), ficções em que homens passam por mulheres. Neste caso, três rapazes são expulsos de uma casa de estudantes por um roubo que não cometeram. Saem dessa casa com uma tradição de sexismo (a sigla K.O.K. diz tudo) para serem acolhidos numa fraternidade de raparigas que não entram nesse jogo sexista (a sigla é D.O.G.), ao contrário do outro grupo feminino, as Tri Pi’s. Disfarçados, podem buscar as provas que os inocentam e ser readmitidos. Só que experimentar o outro lado faz com que o trio avalie a sua conduta e se tente redimir. O filme não supera, nem quer superar, a sua premissa, preferindo os estereótipos e a indecisão estética. Não é grosseiro pelo sexismo que expõe, e que esconde um culpado conservadorismo, mas pela hipocrisia. Parece ser sobre o derrubar do sexismo masculino, através de uma consciência ganha no interior de um grupo feminino. Mas esta obra escrita por dois homens e realizada por outro, divide as raparigas em dois grupos distintos, separadas por um abismo: as feias e as bonitas, as independentes e as submissas, as recompensadas e as punidas. As segundas devoram-se umas às outras, como é mostrado literalmente depois dos créditos finais. A maior parte das piadas são feitas à custa delas. Um registo que podia servir este filme era o caricatural, se houvesse arte para entender o burlesco e trabalho sobre a representação. Aqui, ao querer chegar a uma certa crueza comum neste género, parece que ninguém reparou como é difícil acreditar nesta narrativa. [26.03.2010, orig. 08.2002]