Tomcats (2001)


Aposta de Solteiros, real. Gregory Poirier. EUA, 2001. 35mm, cor, 95 min.

As mulheres amedrontam-os, mas ainda assim eles continuam a procurá-las — e, sem se comprometerem, servem-se delas. Michael (Jerry O’Connell) e Kyle (Jake Busey) são assim, o que faz com que sejam os últimos solteiros de um grupo de amigos que combinaram ir juntando dinheiro para oferecer ao derradeiro não casado. Michael endivida-se e, para receber o montante, planeia fazer com que o amigo case com Natalie (Shannon Elizabeth), uma polícia que Kyle conheceu, maltratou, mas não esqueceu. “Tomcat” é uma expressão que significa mulherengo e o filme é sobre alguém que se assumiu como um, até se enamorar verdadeiramente. Esta é uma comédia sem inspiração nem respiração. O mesmo é escrever que Gregory Poirier, argumentista e realizador, não quer que o humor seja consequente, escolhendo a facilidade. Quando há surpresas, são pobres, desligadas, imotivadas — como na cena em que Michael é envolvido numa sessão sado-masoquista oferecida por uma bibliotecária e pela sua avó. O humor de situação deste filme, que despreza demasiado o valor cómico dos diálogos, não é construído a partir das histórias individuais inseridas num universo colectivo, criando apenas humilhações para as personagens femininas e expondo a idiotice das masculinas. Sequências como as que envolvem um testículo canceroso lembram como falta objecto e sujeitos a esta comédia. Esteticamente, o facto de Michael ser desenhador de banda desenhada e desenhos animados, é aproveitado apenas no genérico. O prólogo, conduzido pela voz off de O’Connell, passado no casamento onde o acordo entre os amigos é feito, esgota logo isso nos efeitos mais óbvios. No fim, a sua voz regressa. Depois de ter dito uma imbecilidade quando casava com Natalie, interrompe a inscrição “The end” com duas frases, “Esperem, esperem! Quão idiota pensam que eu sou?” — é fácil adivinhar a resposta depois de tudo o que vimos. [21.03.2010, orig. 07.2002]