MASH, real. Robert Altman. EUA, 1970. 35mm, cor, 116 min.
Perante esta comédia, o riso é sempre um pouco trágico e amargo. Estes cirurgiões que integram uma unidade na Guerra da Coreia são a imagem do vazio a partir do qual a guerra se faz. A seriedade desta obra passa mesmo pelo lado grave, isto é, político e social, de todas as situações. A autoridade é desafiada, a farsa tem um carácter sexual, mas o lado mais selvagem desta sátira encontra-se na relação com a morte, como é explicitado no episódio do suicídio de Painless (John Schuck). Robert Altman aposta numa encenação irreverente de um cenário de guerra, um lugar onde a loucura se esconde e se revela em cada gesto. Consegue fazê-lo com uma densidade humana invulgar e optando por um estilo fluído, pouco austero, mas nem por isso menos preciso e intencional, que estava ainda a nascer: planos longos, utilização do zoom, anulação da profundidade de campo. O filme venceu o óscar para o melhor argumento adaptado. Devido ao seu sucesso, foi produzida uma série de televisão muito popular com o mesmo nome, durante a década de 1970. [13.04.2010, orig. 03.1999]
