MirrorMask, real. Dave McKean. EUA/Reino Unido, 2005. 35mm, cor, 101 min.
Como todas as colaborações entre Neil Gaiman e Dave McKean em livro, MirrorMask é visualmente prodigioso. As figuras e os cenários do mundo onde a protagonista vai parar têm uma dimensão genuinamente circense, isto é, não se trata apenas do produto de uma enorme imaginação, mas da criação de um imaginário. Não por acaso, a história começa e termina no circo. As janelas desenhadas entre os dois mundos é uma ideia intrigante, mas o papel duplo dos actores, por exemplo, tinha a potencialidade de reflectir uma relação dramática e simbólica entre os dois universos e acaba por ser desperdiçada. Tal como é definido no filme, o outro lado do espelho é apenas um outro lugar sonhado por uma rapariga por causa dos seus problemas muito reais — a débil saúde da mãe. Há um deslumbre de Dave McKean pelas possibilidades abertas pelos efeitos digitais. O carácter solto do argumento parece dever-se tão-só à necessidade de que as personagens passeiem de espaço em espaço, desvendando um atrás do outro. [07.04.2010, orig. 04.2006]