Vantage Point (2008)


Ponto de Mira, real. Pete Travis. EUA, 2008. 35mm, cor, 90 min.

Um thriller inteligente, apesar de convencional. O seu dispositivo narrativo explora sucessivas revisões dos mesmos acontecimentos que envolvem a tentativa de assassinato do presidente dos EUA e, aparentemente, mascara a sua convencionalidade. Mas há uma forte ideia de montagem: o espectador vai fazendo sentido do que aconteceu, bocado a bocado, cena a cena — cada vez que o filme volta atrás, é para fazer avançar o nosso entendimento com novos dados. Ponto de Mira é assim um filme muito contemporâneo, que reflecte a voragem e apetite que guia a relação do mundo de hoje com as imagens. Repare-se como os jornalistas e as imagens que eles captam têm uma função estruturante, muito embora pareçam secundários. O primeiro recuo da narrativa acontece depois deles tentarem perceber o que se passou. Na carrinha dos repórteres televisivos, o guarda-costas Thomas Barnes (Dennis Quaid) pede para rever uma imagem porque viu qualquer coisa de surpreendente e importante — mais à frente, o filme chega ao mesmo momento por outro caminho e a revelação do que ele viu será um dos pontos de viragem da história. Querer ver outra vez com o intuito de ver mais, eis o que Barnes deseja. Nós somos colocados na mesma situação dele e o mesmo desejo é esperado de nós. [23.03.2011, orig. 07.2008]