Movimentos Perpétuos – Cine-Tributo a Carlos Paredes, real. Edgar Pêra. Portugal, 2006. 35mm, cor, 77 min.
Apaixonado e lírico documentário dividido em 17 partes que enquadram a vida e obra de Carlos Paredes. Esta divisão empresta clareza na aproximação do filme ao tema, mas Edgar Pêra mantém-se também fiel à sua estética de manipulação da imagem e do som. Trata-se de uma pesquisa formal que pode ser resumida neste axioma: mexer na matéria audiovisual como coisa concreta e abstracta à qual pode ser dada expressividade. Não é um processo racional ou até racionalizável, nem na obra de Stan Brakhage nem na do cineasta português. O cinema de Pêra não tem a limpidez e a nudez da música de Paredes, mas ambas têm essa intuição artística, podemos dizer. E Movimentos Perpétuos contém momentos da mais pura simbiose (e do mais fértil diálogo) entre a fluência das notas tocadas pelo músico e o movimento das imagens criadas pelo realizador. [16.09.2018, orig. 01.05.2006]]