For Marilyn (1992)


For Marilyn, real. Stan Brakhage. EUA, 1992. 16mm, cor, 11 min.

O título é uma dedicatória, mas o filme evita nomear a mulher a quem a obra é dedicada. Essa mulher era Marilyn, esposa do cineasta. Stan Brakhage dizia que este era o seu filme preferido. É, certamente, um dos seus mais pessoais. Pode ser dividido em quatro partes, nas quais as palavras animadas e as associações visuais compõem um emotivo agradecimento a Deus e a Marilyn, pela felicidade da sua vida partilhada. A maior parte resulta da pintura sobre imagens de uma igreja cristã. Para Brakhage, a visão pessoal pode transformar o mundo, mas o seu trabalho rejeita o triunfo do ego. No início, For Marilyn mostra uma janela transparente e outra opaca, uma oferecendo uma passagem para um mundo de visões, outra bloqueando essa passagem. Depois: “I am/here/where/where/is She”, evocando Marilyn. Seguido de: “She/the/THE/Mother/Church”, fundindo Marilyn e a Igreja. A janela mostra a subjectividade na visão do mundo, tal como o quadro cinematográfico. Trata-se de ver como se vê. O ser e a sua obliteração, em oposição, chegam ao clímax quando surge “Praise Be/to God” seguido de uma das mais espantosas sequências pintadas da filmografia de Brakhage: densos fotogramas com uma qualidade líquida, instavelmente em equilíbrio, mas em equilíbrio, como se manifestassem um mundo consumido pela energia pura. O fim representa um momento de epifania único na sua obra — em branco. [22.04.2019, orig. 09.2005]