Kievskiy Freskiy (1966)


Kievskiy Freskiy, real. Sergei Parajanov. URSS, 1966. 35mm, cor, 15 min.

Sergei Parajanov nasceu em 1924 em Tbilisi, Geórgia, na antiga URSS, de mãe e pai arménios. Inicialmente, estudou música. Em 1946, começou os estudos no Instituto de Cinema em Moscovo, onde foi assistente de Igor Savchenko, pioneiro pouco conhecido do cinema soviético. Com A Infância de Ivan (Ivanovo detstvo, 1962), dirigido por Andrei Tarkovski, percebeu que se queria afastar do realismo socialista reinante. Encontrou ainda mais dificuldades que Tarkovski. A sua primeira longa-metragem, Os Cavalos de Combate (Tini zabutykh predkiv, 1964), inspirou-se na cultura ritualizada dos hutsuls, tribo dos Cárpatos ucranianos, e anunciou o estilo visual sumptuoso e lírico que distinguiu o seu cinema. A longa-metragem seguinte não foi tão bem recebida. A Cor da Romã (Sayat Nova, 1968) figura o imaginário de Sayat Nova, poeta arménio do séc. XVIII, com cores vibrantes e múltiplas referências religiosas. Censurado, o filme foi mostrado na Arménia e circulou de forma limitada por outras repúblicas socialistas soviéticas. Na década de 1970, Parajanov não conseguiu filmar. Foi preso por actos homossexuais em 1974 e libertado três anos mais tarde, antes do termo da pena e depois de uma petição de intelectuais e artistas — incluindo Tarkovski, admirador da sua obra. Recomeçou a filmar em 1983 e estreou A Lenda da Fortaleza Suram (Ambavi Suramis tsikhitsa, 1984), fantasia de sabor georgiano, no Festival de Cinema de Moscovo. Ashug-Karibi (1988) reafirmou a unidade artística da sua filmografia, dois anos antes de falecer. Mais conhecido pelas suas longas-metragens, Parajanov realizou também diversas curtas-metragens. Kievskiy Freskiy reúne o que restou de um projecto para uma longa-metragem abortado pelos Estúdios Dovjenko, na Ucrânia, que tinham produzido Os Cavalos de Combate. Com vários rascunhos do argumento, Parajanov aventurou-se a filmar a história de uma família deslocada pela Segunda Guerra Mundial, encenada em quadros estilizados e austeros. Talvez o mais interessante do que pode ser vislumbrado do projecto seja o modo como o cineasta utilizou o seu habitual estilo poético e litúrgico para tratar uma história contemporânea em vez de uma narrativa oriunda do folclore. Esta montagem de registos de ensaios e testes da fase de pré-produção, que durou aproximadamente um ano, foi preparada na década de 1980 pela Casa Khanzhonkov, na Rússia, fundada em 1907. [11.11.2019, org. 27.06.2019]