The Wold Shadow (1972)


The Wold Shadow, real. Stan Brakhage. EUA, 1972. 16mm, cor, 3 min.

Um filme com algo de simbólico, o que não é mesmo que afirmar que se trata de uma obra simbólica. Brakhage diz que cresceu como artista quando se viu livre do drama como fonte de inspiração. Começou a sentir que toda a história, toda a vida, todo o material com que trabalharia teria de vir de dentro de si, em vez de ser importado de fora para dentro. Tinha a ideia de que a arte podia irradiar de si, que quanto mais pessoal ela fosse, mais fundo ele iria, tocando em preocupações universais. Para ele, este filme propõe uma elaborada visão pintada de uma presença divina da floresta. “Wold” é um espaço aberto no cume de uma montanha. O cineasta passeava numa floresta e reparou numa grande sombra que parecia ser dela, mas também parecia estar separada dela, como uma porta para outras dimensões. Correu a casa para ir buscar uma câmara, mas a sombra já tinha passado. Filmou imagens estáticas, quase neutras. Pintou traços do que tinha visto num vidro colocado à frente das lentes. Quando recebeu a película do laboratório, reparou que tinha menos a ver com uma criatura da floresta e mais com a história da pintura. Ou talvez fosse ao contrário. The Wold Shadow uma paisagem que se transforma numa pintura e uma pintura que se transforma numa paisagem. É uma aventura sem fim. Pensamos que fazemos algo, mas estamos a fazer outra coisa — e estamos talvez a fazer o que era suposto fazermos. Passa por aqui a história da pintura da paisagem do Renascimento a Clyfford Still, se for considerado (como Brakhage o considerava) um pintor de paisagens. [18.04.2019, orig. 09.2005]