The Dante Quartet (1987)


The Dante Quartet, real. Stan Brakhage. EUA, 1987. 16mm/35 mm, cor, 8 min.

Este filme absorve a visão de Dante, no sentido onírico e perceptivo. Os seus escritos e a sua obra são uma exploração da relação paradoxal dessas duas dimensões, sensorial e psíquica. Em ligação com outras vanguardas, Brakhage reivindica a prioridade da visão interior, a sua aptidão e direito fundamental a informar a visão exterior. É um trabalho pintado que demorou seis anos a ser produzido. Tem seis minutos. Demonstra as condições terrenas do “Inferno”, “Purgatório” (ou “Transição”), “Paraíso” (ou “Existência é Canção”, o mais próximo do Paraíso), assim como o motivo principal do Inferno (Hell Spit Flexion) em quatro partes. Parte um: as formas pintadas parecem querer agarrar-se uma à outra. Parte dois: pintada num quadro dentro da imagem, criando uma distância do espectador. Parte três: pintada sobre diversas filmagem em 35 mm, vislumbramos figuras como que através do fogo ou de labaredas. Parte quatro: explosões de cores sobre imagens da lua e de um vulcão em erupção. No liceu, um professor de inglês deu-lhe como trabalho ler A Divina Comédia. Tornou-se um objectivo que o acompanhou na vida. Até este filme ele tinha lido todas as traduções em inglês do livro que conseguiu arranjar. Num dado momento já não podia mais, já tinha tudo nos olhos, uma visão do Inferno, uma maneira de sair do Inferno. [21.02.2023, orig. 09.2005]